Quando o bolso pesa na mente: como o descontrole financeiro impacta nossa saúde emocional 

Setembro Amarelo nos convida a olhar para dentro e cuidar da nossa saúde mental com atenção. Mas, muitas vezes, esquecemos que a saúde financeira — ou a ausência dela — pode ser um dos principais vilões dessa história. Um relatório recente da Serasa, em parceria com o Instituto Opinion Box, revelou que 84% dos brasileiros já tiveram a saúde mental afetada pela falta de dinheiro; e 7 em cada 10 relatam perda de sono por causa disso. Ainda segundo outra pesquisa, 82% das pessoas inadimplentes afirmaram que as dívidas em atraso prejudicaram sua saúde física ou mental, com impactos no sono, no apetite e até no aumento do consumo de álcool ou cigarro. 

O que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS) 

A OMS define saúde mental como “um estado de bem-estar em que o indivíduo reconhece suas próprias habilidades, consegue lidar com os estresses da vida, trabalhar produtivamente e contribuir com sua comunidade”. Ou seja, saúde mental vai além da ausência de transtornos — ela também está ligada à capacidade de responder positivamente aos desafios da vida, inclusive os financeiros. 

Como o estresse financeiro mina a mente 

O impacto das dívidas não atinge apenas o bolso: afeta corpo e mente. Pesquisas apontam que o estresse financeiro está associado a insônia, irritabilidade, baixa autoestima, dificuldades de concentração e sintomas de depressão. A crise financeira prolongada e a incerteza intensificam esses sintomas, comprometendo nosso bem-estar emocional e a capacidade de reagir aos problemas. 

Um ciclo silencioso e perigoso 

O estresse financeiro pode gerar isolamento, vergonha e silêncio: cerca de 65% dos afetados tentam esconder suas dificuldades, segunda dados da Serasa. Esse comportamento agrava o sofrimento, criando um ciclo difícil de interromper sem apoio externo. 

Setembro Amarelo: momento de quebrar o silêncio 

Setembro Amarelo é o momento ideal para enfrentarmos o tabu financeiro e emocional. Valorizar a educação financeira, falar abertamente sobre dívidas e buscar apoio — seja com psicólogos, educadores financeiros ou grupos de ajuda — são medidas fundamentais tanto para nossa saúde mental quanto financeira. 

Políticas públicas e apoio profissional são essenciais 

Desde a pandemia de Covid-19, houve avanços no reconhecimento da necessidade de acompanhamento psicológico. Ainda assim, o acesso ao tratamento é limitado: em muitos países, esse acesso é limitado e mais da metade das pessoas com problemas mentais não recebe cuidados formais. Precisamos de políticas que integrem saúde mental e apoio financeiro — como orientação, serviços psicossociais e prevenção do endividamento — para proteger o bem-estar coletivo. 

Por onde começar? 

Ação  Por que importa 
Educação financeira acessível  Ajuda a planejar, reduzir incertezas e fortalecer o controle sobre o dinheiro 
Abertura e diálogo  Quebrar o silêncio diminui a vergonha e estimula a busca por ajuda 
Apoio à saúde mental  Profissionais ajudam a lidar com ansiedade, insônia e pensamentos negativos 
Planejamento previdenciário  Reduz ansiedade futura ao dar segurança para o amanhã 
Políticas integradas  Combater o tratamento fragmentado entre finanças e emocional é fundamental para resultados reais 

 

Para você pensar 

Cuidar da saúde mental é também cuidar das finanças — e vice-versa. No mês ‘Setembro Amarelo’, convido você a refletir: o que seu bolso anda dizendo para sua mente? Compartilhar experiências, buscar ajuda e investir em educação financeira são gestos de autocuidado e responsabilidade coletiva.  

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