A educação empreendedora tem o objetivo de expandir a visão dos estudantes estimulando a inovação, criatividade, resiliência e superação de dificuldades, podendo transformar a vidas destes jovens no mundo real em que vivem.
Em um mundo em constante transformação, no qual a inovação e a adaptabilidade são imperativas, a educação empreendedora emerge como um pilar fundamental na formação dos jovens. Ao integrar o empreendedorismo ao currículo escolar, especialmente no Ensino Médio, as escolas capacitam os estudantes a transitarem com mais segurança por um futuro com rápidas mudanças.
Mais do que apenas preparar para o mercado de trabalho, essa abordagem estimula o desenvolvimento de habilidades essenciais, como autoconfiança, resiliência, criatividade e pensamento crítico, transformando os jovens em agentes de mudança capazes de identificar problemas, propor soluções inovadoras e gerar impacto positivo na sociedade.
Segundo o estudo Projetando 2030: uma visão dividida do futuro, uma pesquisa encomendado pela Dell Technologies ao Institute For The Future (IFTF) que avaliou os impactos das tecnologias até 2030 e contou com a participação de 3.800 líderes de negócios de médias e grandes corporações em 17 países, incluindo o Brasil, estima-se que 85% dos empregos que existirão até essa data ainda não foram criados. A pesquisa Diante desse cenário, a educação empreendedora torna-se ainda mais essencial e desafiadora.
Por que o empreendedorismo na educação?
O ensino do empreendedorismo vai além de capacitar futuros empresários. Seu propósito é estimular o desenvolvimento de uma mentalidade empreendedora, promovendo habilidades socioemocionais e competências que são úteis em qualquer área de atuação. Além disso, alunos que têm acesso a esse tipo de educação desenvolvem maior autonomia, proatividade e capacidade de trabalho em equipe. Essas competências são primordiais para que eles saibam lidar com desafios e estejam prontos para se adaptar a um mercado de trabalho em constante transformação ou a uma carreira com um negócio próprio.
Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o Sebrae, entre 2013 e 2023 houve um aumento de 23% no número de empresários, sendo um em cada cinco negócios próprios liderado por jovens com idades entre 18 e 29 anos.
Como aplicar na sala de aula
Incluir o empreendedorismo de forma prática no ambiente escolar pode ser um desafio, mas existem metodologias eficazes e projetos didáticos para apoiar e tornar essa experiência significativa. Conheça algumas abordagens e atividades que podem ser implementadas em sala de aula para estimular o espírito empreendedor nos estudantes:
· Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP): a metodologia de ABP coloca o aluno como protagonista de seu aprendizado. Em vez de receber o conteúdo passivamente, ele é incentivado a identificar problemas do cotidiano e desenvolver soluções práticas. No Ensino Médio, uma atividade interessante seria a criação de um projeto de impacto social ou ambiental, no qual os alunos precisam levantar informações, planejar ações e implementar suas ideias. Esse processo estimula a pesquisa, o planejamento e a análise crítica.
· Desenvolvimento de Plano de Negócios: levar os estudantes a desenvolverem um plano de negócios para um projeto ou produto (real ou fictício) é uma prática que ensina noções essenciais de economia e administração. A atividade pode ser dividida em etapas, e cada grupo, a partir da divisão de tarefas, deve realizar pesquisa de mercado, identificar o público-alvo, calcular custos e prever lucros. Esse exercício oferece uma visão realista dos desafios enfrentados por empreendedores e, até mesmo, em projetos dentro das organizações.
· Sessões de pitch e feedback: outra forma prática de ensino é promover sessões de pitch, uma apresentação curta e direta (em poucas palavras) que resume tudo o que um investidor, cliente e parceiro precisa saber sobre o seu negócio em poucas palavras, uma forma dos estudantes apresentam suas ideias para um público, que pode ser o da própria sala de aula. Cada grupo deve estruturar a apresentação curta, clara e objetiva sobre seu projeto. Essas apresentações podem ser avaliadas pelos próprios colegas ou por uma banca de convidados, como professores de outras disciplinas e até empreendedores locais. O feedback recebido ajuda os alunos a aprimorar sua capacidade de comunicação e persuasão.
· Estudos de caso: apresentar histórias de empreendedores de sucesso para a sala de aula é uma maneira de mostrar aos alunos exemplos concretos de pessoas que impactaram suas comunidades e o mercado com ideias inovadoras. Os estudos de caso podem ser seguidos de debates sobre os desafios enfrentados, os erros e acertos, e as qualidades que tornaram essas pessoas bem-sucedidas. Também pode ser convidado um empreendedor para falar da sua experiência de negócio.
Exercícios práticos
Para o Ensino Médio, alguns exercícios práticos podem ser introduzidos para desafiar os alunos e desenvolver suas habilidades empreendedoras de forma lúdica e instigante:
· Jornada do Empreendedor: peça que os alunos identifiquem uma oportunidade de negócio que poderia ser implementada no próprio colégio ou no grêmio estudantil. Eles podem, por exemplo, desenvolver ideias como criar um evento ou uma feira de produtos sustentáveis. A atividade envolve planejamento financeiro, pesquisa de fornecedores e estratégias de marketing.
· Desafio dos 100 reais: os estudantes recebem a missão de criar uma atividade de baixo custo que possa ser transformada em um pequeno negócio, com o objetivo de gerar lucro a partir de uma quantia simbólica. O desafio aqui é estimular a criatividade e a gestão financeira, com ideias que podem ir desde a venda de produtos artesanais até a prestação de pequenos serviços.
Com a aplicação de metodologias práticas e atividades envolventes, a escola contribui para a formação de jovens que não apenas compreendem a sua comunidade e o mundo ao seu redor, mas também sabem como transformá-los positivamente. Dessa forma, o
ensino do empreendedorismo na educação básica é mais que uma tendência — é uma necessidade.
Bernardino Marques Junior
CEO da editora Munera
Empreendedor, fundador, sócio e empresário de múltiplos negócios em diversas áreas.
As coleções da editora Munera são planejados para todos os anos da educação básica, com foco na mudança de comportamento dos estudantes para enfrentar desafios, desenvolver habilidades de raciocínio, criação e inovação, e serem capazes de planejar suas vidas.
