Brinquedos com IA: eles são o futuro da infância ou podem colocar a autonomia das crianças em risco?

Desde sempre, a infância foi esse espaço cheio de imaginação, brincadeiras e a construção do mundo de forma lúdica. Mas com o avanço dos brinquedos conectados à IA, com a notícia da parceira entre a Mattel e a OpenAI para o lançamento da Barbie com essa tecnologia, esse cenário está mudando. E o que exatamente estamos oferecendo às crianças em nome da inovação?

A promessa dos brinquedos inteligentes

Esses brinquedos prometem muito mais do que só diversão. Eles respondem perguntas, sugerem brincadeiras, elogiam atitudes e até conversam de um jeito personalizado. A ideia de uma geração que interage com bonecas, robôs e videogames que ‘pensam’ pode parecer uma coisa encantadora — quem não ficaria feliz em ver uma criança brincando com um brinquedo que reage de forma inteligente? Por outro lado, é importante pensar com cuidado sobre tudo isso.

O que os especialistas pensam

Pesquisadores e professores alertam que brincar não é só diversão, — é o principal jeito de uma criança desenvolver suas emoções, sua inteligência e suas habilidades sociais. Quando esses brinquedos de IA dão respostas prontinhas e sempre algo positivo, eles podem acabar deixando de lado aspectos importantes do crescimento, como:

  • A criatividade, que nasce de improvisar e imaginar sem limites;
  • A tolerância à frustração, que aparece quando as coisas não saem como a gente espera;
  • O pensamento crítico, que vem ao questionar, duvidar e tentar de novo.

 

 

 

Segundo o psicólogo, Diogo D’Lima, “o futuro das nossas crianças não pode ser apenas uma inteligência artificial, precisa ser também uma inteligência emocional, construída na presença real, no afeto genuíno e nas brincadeiras que criam memórias de vida. Que sejamos os guardiões desse equilíbrio.”

 

 

 

 

 

 

O impacto no mercado e na brincadeira

A tendência é que o mercado de brinquedos com IA cresça bastante nos próximos anos. Grandes marcas já estão correndo para desenvolver produtos cada vez mais responsivos, personalizados e conectados à nuvem. Para as famílias e escolas, isso é uma oportunidade e também um desafio.

Por um lado, essas tecnologias podem ajudar na aprendizagem de línguas, matemática ou na narrativa interativa. Mas, por outro, usar tudo isso bem exige atenção e mediação. Quando bem orientada, a tecnologia pode ser uma aliada, mas nunca substitui a experiência real, o erro, a dúvida, o silêncio ou a construção coletiva do conhecimento.

Como pais e professores podem lidar com isso

Diante desse novo cenário, é importante que quem cuida das crianças pense sobre:

 

  • O propósito do brinquedo: ele estimula a autonomia ou só entrega respostas prontas;
  • Participar das interações com a tecnologia, transformando o uso em boas conversas e reflexões;
  • Equilibrar tempo de tela com atividades no mundo real: natureza, brincadeiras ao ar livre, convivência com outras pessoas e leitura continuam essenciais;
  • Valorizar o brincar livre, criativo e sem mediação de máquinas, já que é nesse espaço que a criança constrói quem ela é e seu lugar no mundo.

 

Para refletir

Ter IA na infância não precisa gerar pânico, mas exige atenção. O problema não está na tecnologia em si, mas na forma como ela entra na vida das crianças. O futuro será bem tecnológico, sim, mas o presente ainda é essencialmente humano. E é na brincadeira de verdade — com suas pausas, tropeços e criações espontâneas — que encontramos o maior potencial para o desenvolvimento infantil.

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