Alfabetizar é garantir o direito de ler o mundo

Alfabetizar é mais do que ensinar a ler e escrever. É garantir um direito humano fundamental — o direito à palavra, à escuta e à participação social. Neste 14 de novembro, Dia Nacional da Alfabetização, o Brasil celebra avanços concretos, mas também reafirma o desafio coletivo de assegurar que nenhuma criança, jovem ou adulto permaneça à margem do conhecimento. 

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha, em 20249,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabiam ler e escrever. O número representa redução de 197 mil pessoas em relação a 2023 e marca o menor índice de analfabetismo da série histórica iniciada em 2016. 

Em 2016, o percentual de analfabetos era de 6,7%; em 2023, caiu para 5,4%; e em 2024 atingiu 5,3%. Ainda que o ritmo de redução seja lento, os dados revelam uma trajetória positiva, impulsionada por políticas públicas mais integradas e pela dedicação de milhares de educadores em todo o País. 

O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada: uma nova era 

Após décadas de iniciativas fragmentadas, o Brasil passou a contar com uma política nacional estruturada e duradoura em prol da alfabetização. O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), instituído em 2023 e transformado em política de Estado em 2025, consolidou uma mudança de paradigma ao unir União, estados e municípios em torno de um mesmo objetivo: garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas até o final do 2º ano do ensino fundamental. 

Entre 2023 e 2024, o Indicador Criança Alfabetizada (ICA) subiu 3 pontos percentuais, alcançando 59,2% de crianças alfabetizadas — o maior valor da série histórica. Por trás desse avanço está uma rede de cooperação que conecta gestores públicos, professores, famílias e organizações da sociedade civil, em um esforço conjunto de reconstrução do aprendizado após os impactos da pandemia. 

Princípios que sustentam a alfabetização com equidade 

O CNCA está fundamentado em princípios que dialogam diretamente com os desafios do século XXI: 

  • Equidade educacional, considerando diferenças regionais, socioeconômicas e culturais; 
  • Corresponsabilidade entre os entes federativos, promovendo colaboração efetiva entre União, estados e municípios; 
  • Apoio técnico e financeiro para melhoria da infraestrutura física e pedagógica das escolas públicas; 
  • Formação continuada de professores e oferta de materiais pedagógicos qualificados; 
  • Monitoramento permanente dos resultados por meio de sistemas de avaliação da alfabetização. 

Mais do que metas, o Compromisso representa um pacto nacional pelo direito de aprender — um passo essencial para que o País avance em direção à justiça social e ao desenvolvimento sustentável. 

Caminhos para fortalecer a alfabetização em sala de aula 

A alfabetização é um processo que se constrói no encontro entre o professor e o aluno, na escuta atenta, na curiosidade e na afetividade. Abaixo, algumas estratégias que ajudam a tornar esse processo mais vivo e significativo: 

  1. Leitura todos os dias

Reserve momentos diários de leitura compartilhada. Contos, parlendas e poesias ajudam as crianças a perceberem o ritmo e a musicalidade da língua. 

  1. Produções com sentido

Bilhetes, listas, convites e cartazes dão propósito à escrita e ajudam a compreender o papel social da linguagem. 

  1. Brincadeiras com sons e letras

Jogos fonológicos e desafios com rimas fortalecem a consciência fonêmica e tornam a aprendizagem divertida. 

  1. Integração com as famílias

Convide as famílias a participar com pequenas leituras em casa ou atividades simples de reconhecimento de palavras no cotidiano — alfabetizar é um gesto coletivo. 

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